Técnicas de vendas - vendedores internos

Por Lorenzo Busato

O primeiro passo de uma venda é a abordagem, aqui já assumimos que o conhecimento do produto, do cliente e do mercado já está dominado, então trataremos a abordagem como o primeiro contato com o cliente.

Muitos vendedores são prejudicados pela ansiedade, então vamos discutir este modelo de abordagem em algumas situações reais e segmentadas:

Vendedor interno - loja de móveis: O cliente entra na loja, o vendedor o cumprimenta "Bom dia" (de preferência com um sorriso NATURAL!) o cliente responde (ou não) mas o vendedor não perde o fio da meada e solta um "POIS NÃO!!!?" OU " O QUE ERA PRO SENHOR?" (escrevi "pro" de "pro"pósito) estas expressões começam a induzir o "não" na cabeça do cliente e devem ser banidas.

Expressões do tipo "que bons ventos o trazem" ou "é uma satisfação em atendê-lo" soam rebuscadas e nada naturais para 99% da população.

O velho e importado "em que posso ajudá-lo" não tem nada de mais de ser usado desde que com naturalidade.

Mas aqui vem o primeiro sintoma de ansiedade: Se o vendedor depois de dizer o bom dia para seu cliente esperar um ou dois segundos o cliente naturalmente vai dizer o que quer como por exemplo: "Gostaria de ver uma cozinha", pronto! Sem ansiedade sem os "POIS NÃO!" da vida.

Entramos aqui com o uso da técnica de abordagem ou "quebra gelo", comece pedindo o nome do cliente, durante a conversa e apresentação do produto tente sondar sua profissão, se é novo na cidade, se é da cidade, entre outras informações importantes.

Enquanto a vendedora leva o cliente para ver sua cozinha ela fala: "vou mostrar algumas cozinhas em exposição, qual é seu nome?", o cliente diz: "Maria", a vendedora reforça: "Dona Maria a senhora tem preferência de cor?", estabeleceu a comunicação com a cliente e já está fazendo ela formar uma "imagem mental" da cozinha.

Logo após o crachá na imagem acima vem uma imagem de casa que simboliza: se a pessoa é nova na cidade (loja de móveis pode vender tudo para a nova casa), de que bairro ela é, se está construindo ou se mudando. Esta informação arma o vendedor de muitas idéias para vendas adicionais ou até mesmo para direcionar o produto em questão.

Acima da casa vem uma imagem de escritório que simboliza o trabalho do cliente, se ele veio transferido por uma empresa, seu poder de compra, se ele precisará de móveis para seu escritório ou empresa também entre outras informações.

O último símbolo representa os passatempos ou hobbies do cliente, NUNCA começe uma abordagem de vendas comentando sobre futebol ou pescaria, isto soa artificial, este símbolo deve ser usado se o cliente tocar no assunto ou se for um cliente conhecido que você já sabe que aprecia uma conversa descontraida sobre estes assuntos. O bom uso desta informação torna o relacionamento muito mais próximo e o cliente vai te enxergar como uma pessoa que se importa com ele.

Bem, usamos todo o quadrinho da abordagem (figura acima) em um caso de loja de móveis.

Agora podemos ilustrar um outro exemplo um pouco fora do comum.


Vendedor Interno - Posto de Combustíveis:

Como assim, vendedor? o frentista só abastece!
Se você ainda pensa assim está deixando de faturar e muito!

Vamos ao caso: O cliente estaciona junto a bomba de combustível, antes mesmo do carro parar o frentista já deve se dirigir a bomba mostrando agilidade e boa vontade (se conseguir com um leve sorriso no rosto PARABÉNS!).

Aí entra o VENDEDOR DE PISTA (ao invés do frentista): "Bom dia Sr" (se souber o nome do cliente use agora! se não souber pergunte!)
"Vamos completar o tanque?" esta simples pergunta induz o cliente a completar ao invés de colocar R$ 20,00 ou R$ 50,00, enquanto completa o tanque o vendedor oferece um aditivo "O Sr. conhece este aditivo?" mostranto a embalagem para o cliente, se o cliente disser sim venda! se disser não, demonstre as vantagens do produto e venda!.

Outro passo no atendimento de posto é a abertura do capô do carro, aqui entra novamente o vendedor que poderá vender: aditivo para água do radiador, anti neblina para o esguicho de água, palheta limpadora de pára-brisa, fluido de freio, de direção hidráulica, óleo lubrificante com seu filtro é claro).

Neste caso já passamos a etapa da abordagem, discutiremos o tema posto de combustível em outra ocasião, mas você viram o enorme número de possibilidades de vendas? E tudo isso começa na abordagem.

Outro caso um pouco polêmico:

Vendedor Interno - Atendente de Farmácia (que termo horrível, deveria ser vendedor de farmácia):
O cliente entra, o vendedor diz "Bom dia!", se o cliente estiver com aquela dor de dente pode ser que te responda: "Bom dia por que?" mas você como um bom profissional logo emenda: "o que o Sr está sentindo ou o que precisa?" ele fala da dor, o vendedor coloca os medicamentos em cima do balcão e ao invés de colocar um envelope coloca logo três ou quatro (venda adicional), quando for explicar o modo de uso (posologia) pergunta o nome do cliente e diz "Seu fulano, o Sr toma um destes de quatro em quatro horas, etc, etc" e passa para o próximo estágio da abordagem: "o Sr mora em que bairro?" e oferece o serviço 24h ou tele entrega, se for viajante oferece logo um pacote adicional de medicamentos para ele.

Para não me extender muito neste tema, vocês viram que a abordagem serve sim para vendedores internos e para todo o tipo de vendedor, desde que seja adequada a situação.

Trabalhamos com treinamentos personalizados por setor, por classe de clientes, por tipo de empresa, para obter sucesso e participação de todos os vendedores, soluções padrão não de adequam a todas as situações e os vendedores ficam sussurando: "Aqui é diferente, nosso ramo não permite, nossos clientes são diferentes, isso não funciona aqui..."

Vamos pensar desde o início: o cliente chega no balcão do açougue e se depara com várias bacias ou bandejas com filés até que bonitos, só que jogados aleatoriamente uns em cima dos outros (ver figura), você acha que a abordagem do açougueiro vai mudar sua primeira impressão? Claro que não, se a exposição do produto já está prejudicada você começa a pensar: "Como estará a área de corte do açougue que eu não vejo muito bem?" ou "Como será armazenada esta carne na câmara fria?".

Este exemplo ilustra que existe sempre um preparo antes da abordagem propriamente dita, mas supondo que a exposição está organizada como vimos na figura, vamos a abordagem do açougueiro:

- Primeiro certifique-se de trabalhar de frente ou de lado para o balcão, a maioria dos atendimentos ruins que vemos em açougue é o açougueiro de costas para o balcão e o cliente fazendo "psiu", batendo palmas entre outras situações absurdas. A tempo: sempre é bom uma campainha e um cartaz identificando-a (não esqueça do cartaz).

- Bom dia Sr! (a primeira etapa de uma venda é a educação e o entusiasmo), seja direto, olhe nos olhos do seu cliente e procure esboçar um sorriso nem que seja tímido, isso mostra que você gosta do que faz e não está ali por obrigação.

O cliente normalmente pede o que quer, não acabe com sua abordagem dizendo: "O que era pro senhor?", ou "Pois não!", essas frases negativas já fazem você começar com o pé esquerdo, deixe seu cliente pedir o que quer.

- (cliente) Me veja um quilo de carne moída de primeira.

- (açougueiro) O sr. prefere que divida em dois pacotes ou pode ser em um mesmo? (veja que oportunidade de atendimento diferenciado, depois de algumas vendas, você já faz isso automaticamente para seu cliente e ele se sente valorizado).

- (cliente) Pode ser em um mesmo.

Enquanto pesa a carne pense na técnica de abordagem (nome, profissão, casa, como vimos na postagem anterior), se o cliente já foi algumas vezes, peça seu nome, não tem problema nenhum e você certamente saberá a hora de conversar um pouco com ele, a medida que o conhece você vai saber suas preferências e ele vai te dar liberdade para saber sua profissão, seu time entre outras coisas.

Aqui você fechou a "venda" da carne moída (venda entre aspas porque foi o cliente que pediu, não foi você que vendeu), a não ser aquelas gramas a mais que você confirmou com seu cliente se ele aceita: "pode ser 1kg e cem gramas?", neste ponto não exagere que seu cliente vai criar uma rejeição enorme a você e seu supermercado ou açougue.

Agora vem a situação de venda propriamente dita: ofereça algo mais, uma promoção por exemplo: (açougueiro) "Seu fulano, estou com a fraldinha (em finais de semana) ou com o bife de posta vermelha (durante a semana) em promoção, vamos aproveitar?", se o cliente consentir ofereça mais de um quilo, como acima ofereça dividido em pacotes de três ou quatro bifes (seu cliente vai dizer como prefere) e ele pode congelar estes pacotes e descongelar de acordo com seu uso, aproveitando o preço.

Se você lembrar de colocar próximo ao balcão, alguns temperos prontos, sal grosso e outros itens afins você fecha com chave de ouro sua venda.

Dá para fazer mais que isso? CLARO!

Você já pensou em visitar restaurantes, hotéis, cachorros quentes, espetinhos em seu bairro? Pois é, quanta oportunidade, basta treinar um pouco e ir a luta!

Vendedor Interno - Panificadora.

Da mesmíssima forma que falamos do açougue a panificadora tem que "sair do quadrado" de ficar empacotando pães pura e simplesmente.
Procure sempre ter um intem em degustação no balcão, ofereça a degustação para seu cliente se ele gostar fale "Vamos aproveitar e levar, está em oferta hoje", pronto fez uma venda.

Imagine quantos clientes passam por sua panificadora diariamente? Faça uma venda adicional de um ou dois reais por cliente e multiplique seu resultado! Anote toda e qualquer venda adicional que você faz, crie uma meta para si mesmo e você se aperfeiçoará como vendedor(a), quem sabe que oportunidades surgirão?

Também é importantíssima a organização e limpeza do balcão, todos os produtos devem ser precificados, imagine o cliente olhando um salgadinho e tendo que perguntar: "Quanto é esse? e esse? e esse outro?" Quem que faz isso? Eu não, calcule de novo a perda de tempo multiplicando esse tempo adicional (e inútil) pelo número de clientes que passa por dia.

A degustação você oferece quando vai fazer o pacote dos pães, mas nunca esqueça de oferecer, pois isso valoriza o produto, se não oferecer parece que você colocou produtos vencidos em cima do balcão para algum otário pegar...

A tempo, aproveite e faça uma degustação na empresa do cliente.

Vendedor Interno - Feirinha, Hortifrutigranjeiros ou o mais chique FLV (para quem tem vergonha de perguntar significa: Frutas Legumes e Verduras, a feirinha).

De novo a organização e limpeza deste locar é uma pré-abordagem, não jogue os pepinos e cenouras de qualquer jeito, organize-os no sentido do comprimento, o efeito visual é outro!

Aqui como em qualquer outro local a iluminação é importantíssima, reloque as luminárias para destacar as cores e contrastes das frutas e verduras.

Quando perceber que seu cliente está em dúvida e você tem tempo de lhe dar uma atenção, aborde-o pedindo se precisa de uma orientação desta forma: "Bom dia, a Sra precisa de ajuda? Hoje chegou cenoura, laranja e bananas frescas", ou se o cliente está olhando de perto um cará, chegue perto e diga "Bom dia Sr, o Sr sabe como preparar o cará?", se o cliente não souber ensine (você não sabe?) acho que está no setor errado!

Ofereça as frutas da época, as exóticas (tem clientes que adoram novidades e podem comprá-las desde que sugeridas por alguém) e neste caso também "saia do quadrado" visitando hotéis, restaurantes e similares.

Ficamos por aqui hoje com estes exemplos de vendedores internos um pouco atípicos, mas que quando tomam gosto pela atividade dão resultados excepcionais para um supermercado, primeiro aumentando o ticket médio (venda por cliente) sem um centavo de publicidade, e segundo porque estes setores são os setores que fazem os clientes visitarem o supermercado com maior frequencia devido a dificuldade de armazenamento destes itens.

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Lorenzo Busato é autor do livro Marketing & Criatividade Casos Práticos com diversos casos reais de consultoria e ferramentas práticas para uso imediato em sua empresa e equipe.
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